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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ (1761-1782)


G. Albuquerque
A fortaleza de São José de Macapá marca uma fase importante da ação portuguesa na Amazônia que, naquele momento, se mostrava vulnerável às nações colonialistas européias como a França, que cobiçava a região na esperança de estabelecer posses.

O Estado português, para garantir seus domínios, põe em prática uma política de militarização e defesa através de fortificações em pontos estratégicos da Amazônia, formando núcleos seguros e permanentes de defesa. As fortificações atendiam a uma finalidade militar, mas também de ocupação da região através da colonização.
O forte de Macapá foi então construído atendendo a uma finalidade dupla: a defensiva aliada à necessidade de povoamento e desenvolvimento local.

Do início do século até fins do século XVIII, foram tomadas providências para a construção de várias fortificações na Amazônia, entre as quais em ordem cronológica são: Gurupá (1623), Desterro (1638), Araguary (1660), S. Pedro Noiasco (1665), S. José do Rio Negro (1665), N. Srª das Neves das Barras (1688), Reduto de Macapá (1738), bateria de Barcelos (1755), Curiahu (1761), S. Gabriel (1762), Tabatinga (1770) e Bateria de Santo António (1773).

Quanto à Fortaleza de São José, houveram construções anteriores no mesmo sítio geográfico. Forte de Cumaú, atual Macapá, onde mais tarde ocuparia o Forte de São José, sob orientação do engenheiro do Estado Joseph de Velho Azevedo, sendo concluída a 6 de setembro de 1674 com 7 peças de artilharia.
As fortificações do Cabo Norte, contudo, não foram apenas de iniciativa portuguesa, pois, muito antes, na tentativa de dominar a região, holandeses e ingleses já haviam erguido, em 1630, o Forte de Torrego entre o rio Manacapuru, o Forte de Felipe entre os rios Manacapuru e Matapi e no ano de 1630 e em 1632 o Forte Cumaú, todos conquistados pelo portugueses.

O Forte Cumaú foi construído para defender a região, contudo, não resistiu ao ataque francês chefiado por De Ferrolles, que partiu de Caiena em 31 de março de 1697, tomando-o. O forte foi novamente dominado pêlos portugueses a 10 de julho de 1697. Sendo seus ocupantes capturados, o governador mandou erguer ao seu lado um Forte de Faxina, de pau-a-pique, devido ao seu estado precário.

A planta da Fortaleza foi traçada pelo arquiteto João Geraldo Grafelts e o projeto foi preparado em 1761. No entanto, as obras só seriam postas em prática, no governo de Fernando de Costa Athayde Teive que visitou Macapá em companhia do engenheiro Henrique António Gallucio que os aprovou.

Em 1766 o forte recebeu suas primeiras peças de artilharia, 74 de um total de 107; a obra decorreu lentamente, João Pereira Caldas notou a presença de grandes defeitos de construção, isso também decorreu em grande parte da falta de braços e recursos para a edificação da obra.




Mesmo com todas as dificuldades, o forte de São José de Macapá foi inaugurado em 19 de março de 1782. A obra de pedra e cal, erguida no sistema Wauban foi festejada na ocasião com missa celebrada na Igreja de São José. O engenheiro Henrique Gallucio veio a falecer de malária antes de ver o trabalho concluído.

A fortaleza no século XIX

Após a independência do Brasil, o forte de Macapá foi entregue ao governo imperial e este demonstrou pouco interesse no término da obra e em sua conservação por considerá-la muito onerosa, os governadores não se empenharam de forma alguma, quer por desconhecimento ou por a acharem de menos importância.  


No período republicano o forte teve várias funções ao gosto das autoridades governamentais, de aquartelamento de tiro, prisão e curral de animais, o que é verdade, é que nenhuma atenção especial lhe foi até agora dispensada; dessa forma, na atualidade, se faz necessária uma ação governamental eficaz que vise a preservação deste património histórico, parte importante do nosso passado que não pode ser esquecida por nossas gerações futuras.


Cronologia

1690 - O governador António Albuquerque manda reforçar a guarda do extremo norte.
1691 - Aprovação da construção das fortificações do Cabo Norte: Araguai, barra do Amazonas e Macapá.
1692 - Aprovação dos atos de construção do forte de Cumaú, atual Macapá.
1694 - Conclusão das obras do forte de Cumaú.
1696 - Ocupação Francesa e destruição do forte de Cumaú; ordens para erguimento de fortificação provisória.
1730 - Mudança de Casa forte da Ilha de Santana.
1738 - Notícia de João Abreu Castelo Barranco sobre a urgência da fortificação de Macapá.
1740 - Construção de forte de Faxina e terra no sítio de Macapá.
1751 - Visita do governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado a
Macapá, com intenções de construir uma fortificação definitiva de pedra e cal.
1753 - Aprovação pelo rei Dom José I dos atos relativos ao povoamento de Macapá e a conveniência de se construir uma praça armada. Destacamentos de Lisboa são designados para guarnecer Macapá.
1758 - Criação da Vila de Macapá.
1765 - O capitão general Athayde Teive solicita aprovação da plantado forte ao rei Dom José I. Deu-se início aos trabalhos da construção.
1767 - Devido a falta de braços, o governador manda reforçar a vinda de índios para andamento da construção.
1769 - Morre em Macapá o engenheiro Henrique António Gallucio vitimado por malária.
1771 - Término das obras internas da fortaleza.
1782 - Inauguração da Fortaleza de São José de Macapá.
1824 - Entrega da obra aos representantes do governo imperial.

kaikuxi@hotmail.com


Referencia bibliográfica

CARVALHO, João Renôr Ferreira de. Momentos de Historia da Amazônia. Imperatriz: Ética, 1998. 260p

Um comentário:

  1. No Brasil a memória histórica é quase esqueciada, porem a fortaleza é um exemplo e ser seguido

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