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quarta-feira, 9 de março de 2011

MITOS INDIGENAS AMAPAENSE

Palikur
No começo do século XVI, esta tribo habitava a margem setentrional do estuário do Amazonas, mas há mais de 200 anos localizou-se no lugar em que agora se acha, no rio Aracauã, afluente do Uaçá, que desemboca junto ao Oiapoque. Seu numero é atualmente de uns 300. Sua língua pertence à família Aruak, porém assemelha-se mais às línguas do centro das Guianas que ao Arawak verdadeiro da costa..

A origem do clã Kamohi-yune

No tempo em que os Palikur ainda habitavam nas terras do sudeste, uma mulher teve um filho do clã Wakapuéne, de nome Parákwa (araquã, por causa da ponta traseira, comprida, da sua tanga). Ele era panema, e sua mae padecia, muitas vezes, fome. Num dia, ela se zangou e o expulsou de casa para o mato: que corresse até alguma fera o devorasse!
Na mata, Parákwa encontrou-se com o demônio Wéri, que lhe perguntou de onde vinha e para onde ia. “Minha mãe me enxotou para a mata para eu ser devorado por alguma fera”, respondeu Parákwa. “Mostra-me uma vez o teu braço!”, mandou Wéri, e, depois de examiná-lo, disse que Parákwa tinha aí um bicho pernicioso. Mandou que Parákwa atirasse uma flecha num dos galhos de uma arvore e que subisse depois para busca-la. “O pau não quebrará?”, perguntou Parákwa. “Não”, respondeu Wéri, “podes trepar!” Mas quando Parákwa subiu, a arvore quebrou e ele caiu, ficando esmagado no chão. Wéri, cortou-o em pedaços, que queimou, e da cinza fez um novo Parákwa. Mandou que atirasse num pássaro e Parákwa, que dantes nunca acertara, desta vez acertou. Depois Wéri mandou que voltasse à casa de sua mãe.
“Mãe”, disse Parákwa quando voltou, “eu vim para caçar e pescar para ti e nunca mais sofrerás fome!” Embarcou na canoa, foi ao rio e voltou com a embarcação cheia de peixes. Sua mãe ficou contentíssima, e, depois de algum tempo, mandou que ele fosse procurar uma mulher para si.
Parákwa foi e chegou ao rio Arucauá onde morava Yakawári com sua irmã Kureluakú, filhos de Aríuti, da estirpe ddo Sol. Parákwa tomou Kureluakú por mulher, e Yakwári casou com a irmã de Parákwa e tornou-se o fundador ddo clã dos Kamohi-yune.

A origem dos Galibí
No meio das grandes savanas alagadiças, aquém do morro Yxayali (Cayary) existe um grupo de seis (ou sete?) pequenas ilhas de mato, hoje chamadas Hinyé-pnawá – Casa dos Galibí. Há muito tempo morava ali uma mulher Palikur com um filho e uma filha. Um espirito da montanha (yumawalí) enamorou-se da moça, visitando-a amiúde, sem que os outros jamais o vissem. Ficando porém, grávida, seu irmão exigiu-lhe uma explicação de como pudera isso ter acontecido, se ninguém virá um homem junto a ela. A moça respondeu que ela própria não sabia explicar, mas o irmão, desde então, entrou a vigiá-la e, um dia, surpreendeu-a com Yumawalí na roça. Ele tinha deitado a cabeça no regaço da moça, e a sua coroa de penas estava pendurada num galho ao lado. O irmão resolveu matar o amante e sua irmã e lhe atirou uma flecha. O Yumawalí, porém, deu ao projétil uma outra direção, de maneira que este, em lugar de matá-lo, matou a moça. Depois ele apanhou sua coroa de penas e, no momento em que a colocou na cabeça, tornou-se invisível. 
O irmão levou a noticia de desgraça à sua mãe, que o mandou sepultar o cadáver da irmã. Depois, sempre de três em três dias, ia visitar-lhe a sepultura. Na primeira e segunda vez, nada achou de extraordinário; na terceira vez, porém, viu uma profusão de vermes que, saindo da terra, foram por ele totalmente destruídos. O mesmo fez na quarta visita. Na quinta, ele encontrou, além dos vermes, alguns meninos, ainda tenros, que engatinhavam sobre a sepultura, tendo nas mãos pequenos arcos e flechas. Um deles se levantou e disse ao irmão da finada: “Não mates mais esses vermes! Tu mesmo és culpado de estarmos nascendo com forma de vermes e só depois ficarmos gente!” Na outra visita à sepultura, já encontrou muito mais meninos do que vermes e continuaram a aparecer em número cada vez maior. Assim originou-se a tribo dos Galibí. 
Os pequenos cresceram quando se tornaram adultos, resolveram vingar a morte de sua mãe nos parentes do assassino e começaram a guerra contra os Palikur.

kaikuxi@hotmail.com

Fonte:
REVISTA DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL: Mitos Indígenas Inéditos na obra de Curt Nimuendaju. Nº 21. Rio de Janeiro: Pró-Memória, 1986.
 

quarta-feira, 2 de março de 2011

VAN GOGH


LOUCO DE DOR DE OUVIDO


 Vincent Van Gogh foi dado como insano quando, em 1888, cortou a orelha direita, mas os médicos modernos que examinaram os escritos do pintor sobre seu problema concluíram que ele sofria da doença de Menière, um acumulo de fluido no ouvido que perturba o equilíbrio. 



A doença não era conhecida na década de 1880, sendo muitas vezes confundida com epilepsia ou loucura. Possuído pela dor de ouvido no fim da vida, Van Gogh passou um tempo em um sanatório antes de finalmente suicidar-se com um tiro, em 1890.

Imagens: http://www.vangoghmuseum.nl/vgm/index.jsp?lang=nl
kaikuxi@hotmail.com